sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

AO MEU FILHO PABLO



Cabelos negros,
olhos escuros, rasgados.
Sorriso de mansidão.

Menino feito de amor,
serás na vida um condor
de altiva compleição.

Fostes forjado em bigorna
de carinho e coragem,
por isto não és aragem:
és pedra, és forte, és leão.

SAUDADE


Eu ouvi todas as histórias de trancoso do mundo.
Eu li todos os contos de fada da terra.
Eu escutei todas as músicas  de ninar.
Eu dancei todas as  cantigas de roda da vida e não aprendi.

Eu estudei todos os filósofos da história.
Eu li todos os poemas, assisti a todos os filmes.
Eu li todos os romances, assisti todas as tragédias e não aprendi.
Eu caminhei por veredas tortuosas, convivi com a miséria e a dor e não aprendi.

Eu devo confessar que fui derrotada na arte de viver.
Eu não assimilei sabedoria.
Eu devo confessar que nada aprendi.
Eu não aprendi a conviver com e suportar a saudade.


O NINHO VAZIO


Eu gaivota cansada já não posso voltar ao ninho.
Não há filhotes para guardar
Eu velha coruja já não sou atalaia,
perdi a profundidade do olhar, já não tenho filhotes para ser guardiã.
Eu  juriti que geme sozinha , mirando o ninho vazio dos filhotes que já aprenderam a voar.

Eu loba solitária campeio pelos ermos infinitos e já não tenho toca para vigiar.
Eu garrincha mofina já não cato gravetos pra meu ninho arrumar, pois já não há filhotes pra abrigar. 
Vôo em círculos, mergulho em profundos abismos, voejo em caatingas desertas.

E o ninho oco a catucar minh'alma
O ninho vazio a sangrar minhas  veias
E uma angustia medonha a esmagar meu peito.