Autora: Terezinha Rocha de Almeida
Era uma ponte velha de madeira.
Era longa e solta, sem firmeza.
Eu tinha medo de atravessar aquela ponte.
Do outro lado havia flores, alegria, beleza.
Embaixo, o rio, caudaloso e bravio,
lutava contra as pedras com força e aspereza.
Eu precisava chegar do outro lado da ponte,
lá eu encontraria alegres passarinhos,
ovelhas gorduchas e um verde papagaio.
E não te falarei do reino que havia depois da ponte,
do que havia além da natureza,
além do amor e da ternura.
Havia mais...
Não te direi porque a magia do seu interior fica para mim;
para ti, falo do exterior e da beleza;
falo do maracanã verde de cabeça vermelha,
conversando comigo
e dos pássaros cantando nas suas gaiolas mágicas.
A cabeleira loura e presa feito princesa me sorrindo,
feito rainha de reinos encantados.
Atravessar a ponte era encontrar a sua alma,
as raízes da nossa existência;
era encontrar um pouco de você.
Num triste dia,
o reinado cobriu-se de ervas daninhas
e os sorrisos sumiram na curva do caminho, esmaeceram.
O papagaio foi engolido por predador
numa madrugada fria e escura
e nunca mais cruzei a velha ponte.
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