sábado, 15 de outubro de 2011

VOZ MARINHA




Autora:  Terezinha Rocha de Almeida


Vinha do mar aquele sussurro doce.
O acalanto suave vinha das bandas do mar.

Era branco e azul.

Lembrava a melodia dos búzios
e o canto das sereias.

Chegava com o balouçar do vento
e o marulhar das ondas quedando nas areias.

Chegava na voz entoada do velho Casimiro,
pescador e contador das histórias tristes do mar.

Chegava na mais bela voz que escutara,
a cristalina voz de minha tia Menininha.

Era doce ou salgada?
Era feito mel, porém era do mar.

Sua voz era mais doce que o pão doce
que na minha meninice ela oferecia.

Tinha o gosto de cocada, do nosso coco,
do mel de engenho, da pura cana.

Era azul turquesa a sua voz,
da cor do nosso mar.

Era feito nuvens. Macia, macia.
Feito brisa leve. Suave, suave.

Não era triste. Tinha nostalgia.
Era feito as lendas. Cheia de magia.

Chegava aos meus ouvidos, mel e melodia.
Canto de maçaricos, lamentos do mar.

A voz de minha tia, a voz das Alagoas.
Não era voz não. Era uma canção.
Era um sopro azul, molhado de mar.

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